Paisagens interiores

As artes visuais estão muito além de uma didática separação entre a abstração e a figuração. A obra de Rosa de Jesus é justamente uma demonstração de como a criação plástica se dá nas frestas entre o considerado real e o imaginário. Com variados materiais, técnicas e suportes, constrói a própria linguagem.

Atinge uma identidade pela maneira diferenciada como lida com o mundo. Uma característica é a destruição dos planos tradicionais do espaço. Consegue apresentar paisagens interiores fundamentadas em uma gestualidade que evita respostas simples aos enigmas do mundo.

As proposições visuais da artista são caracterizadas por gestos que instauram uma dinâmica do movimento focada na elaboração de uma imagem. Não se trata de repetição ou de planejamento racional, mas de pesquisa daquilo que se tem a intenção de fazer rumo a um aprimoramento.

As formas aparentemente incompletas e as adições e apagamentos formam linhas e ângulos que constroem uma arquitetura diferenciada, plena de espontaneidade. Surgem garatujas no espaço pictórico que trazem um lidar com campos de cor plenos de mistério, de modo que as visões particulares instituídas pela artista se tornam universais.

 

Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.

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